Valorização do Ouro: Por que o metal disparou?

Valorização do Ouro Por que o metal disparou

A recente valorização do ouro tem chamado a atenção no cenário global. Por isso, em meio a incertezas econômicas, políticas e monetárias, muitos investidores reavaliam esse metal precioso como porto seguro. Por outro lado, no Brasil, a novidade que movimentou o mercado foi o lançamento do contrato futuro de ouro na B3. Neste artigo, você vai entender por que o ouro está em alta, como aproveitar essa tendência e quais cuidados adotar — seja você iniciante ou investidor experiente.


Por que o ouro dispara?

Ambiente de incerteza e proteção ao patrimônio

O ouro historicamente se valoriza em momentos de instabilidade econômica, alta inflação e turbulência nos mercados acionários. Ele serve como hedge contra a perda de poder de compra. Por exemplo, mesmo com oscilações recentes, o ouro spot chegou a US$ 4.000 por onça-troy em outubro de 2025, um patamar recorde.

Quando governos adotam estímulos ou há risco de recessão, o apetite por ativos seguros, como o ouro, tende a aumentar. Além disso, é nesse contexto que muitos investidores buscam proteger-se das quedas dos mercados tradicionais.

Motivos estruturais de alta

  • Política monetária e taxas de juros reais: mesmo que bancos centrais elevem juros, se a inflação estiver alta, a taxa real (juros nominais menos inflação) pode permanecer negativa, favorecendo o ouro.

  • Demanda física e industrial: joalheria, eletrônica e indústria contribuem para o consumo de ouro.

  • Pressão cambial e desvalorização da moeda local: no Brasil, a valorização do dólar ajuda a impulsionar o preço do ouro doméstico.

Segundo o diretor de Produtos da B3, Marcos Skistymas:

“Pensamos no Contrato Futuro de Ouro com tamanho reduzido, liquidação financeira e precificação indexada ao principal índice global de referência do metal … para ser uma ferramenta utilizada em diversas estratégias, tanto para proteção quanto para quem busca lucro em operações de curto prazo.”


O ouro na bolsa brasileira: o novo contrato futuro (GLD)

Lançamento e características

A B3 iniciou em 21 de julho de 2025 a negociação do contrato futuro de ouro, com ticker GLD. Cada contrato representa 1 onça-troy (≈ 31,1 gramas) e possui liquidação financeira, o que evita a entrega física do metal. Do mesmo modo, um dos objetivos é tornar o ouro acessível aos investidores de varejo, com valor nocional menor comparado a outros contratos.

A cotação segue o padrão internacional LBMA Gold Price — referência global do ouro. Além disso, a B3 zerou as tarifas de negociação desse derivativo até 30 de novembro como incentivo inicial.

Crescimento de volume

A resposta do mercado foi rápida: no primeiro mês de negociação, o volume negociado saltou cerca de 700% em relação ao patamar anterior nos derivativos vinculados ao ouro. Ademais, investidores pessoa física representaram quase 30% do total negociado no início.

Evolução do preço do ouro (USD/onça-troy) – 2020 a 2025

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Fonte: Trading Economics / Dados compilados pelo Investidor Inteligente.

O gráfico mostra a trajetória de valorização do ouro nos últimos cinco anos, evidenciando o movimento de busca por segurança em períodos de incerteza econômica.

Vantagens e riscos desse formato  (GLD na B3)

Vantagens

  • Acesso facilitado ao ouro sem a necessidade de compra física

  • Possibilidade de operar em alta ou baixa

  • Transparência e segurança regulatória

  • Liquidação exclusivamente financeira

Principais riscos

  • Volatilidade de curto prazo

  • Custos de corretagem, emolumentos e taxas de manutenção

  • Exposição cambial (o contrato refere-se a dólar)

  • Necessidade de acompanhamento ativo para estratégias de curto prazo


Outras formas de investir em ouro no Brasil

Além do contrato futuro GLD, o investidor brasileiro pode optar por:

  1. ETFs de ouro — fundos que replicam o desempenho do metal. Exemplos: GOLD11, GLDX11, BIAU39 e ABGD39.

  2. Ações de mineradoras ou empresas expostas à commodity, como a Aura Minerals (AURA33).

  3. Ouro físico — barras e moedas, mas que têm custos de custódia, seguro e liquidez menor.

  4. Contratos futuros tradicionais ou contratos “antigos” da BM&F, embora eles possam implicar entrega física.

Cada alternativa exige perfil de risco distinto e nível de participação.


O que esperar no futuro?

De acordo com especialistas, modelos macroeconômicos sugerem que o ouro poderá manter valorização moderada nos próximos meses. A plataforma Trading Economics estima que o ouro deverá negociar a cerca de US$ 3.648 por onça ao fim de 12 meses.

Entretanto, limites existem: se a recuperação econômica se consolidar ou os juros reais se tornarem amplamente positivos, o apetite por risco pode reduzir a demanda por ouro.

Logo, embora a valorização do ouro pareça seguir firme, é importante manter disciplina e diversificação.


Como um investidor pode aproveitar?

  • Defina o horizonte e objetivo: proteção ou ganho especulativo?

  • Não exponha todo o capital ao ouro — use apenas uma parcela da carteira

  • Analise custos operacionais: corretagem, taxas e spreads podem corroer ganhos

  • Use instrumentos adequados: para exposição suave, ETFs; para trading, contratos futuros

  • Monitore cenário macro e câmbio: o dólar forte tende a impulsionar o preço local


Conclusão

A valorização do ouro revela-se um fenômeno estratégico: em tempos de instabilidade, o metal volta ao radar dos investidores como ativo de proteção e diversificação. Do mesmo modo, o lançamento do contrato futuro GLD na B3 marca um passo importante para democratizar o acesso ao ouro no Brasil. Mas de nada adianta apenas acompanhar a alta — é essencial entender custos, riscos e comportamentos de mercado. Um investidor inteligente sabe que informação e estratégia são o que realmente geram valor a longo prazo.


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