A diversificação é um dos pilares de qualquer carteira de investimentos sólida. E, nos últimos anos, uma nova classe de ativos passou a chamar a atenção de investidores: os FIAGROs. Embora ainda recentes no mercado, esses fundos já se mostram relevantes para quem deseja obter renda passiva e exposição ao setor do agronegócio.
No entanto, é essencial compreender que existem dois tipos principais de FIAGROs: os de papel e os de terra. Apesar de ambos terem como pano de fundo o agronegócio brasileiro, que é um dos mais robustos do mundo, suas estratégias, riscos e potenciais de retorno são bastante distintos. Por isso, entender essas diferenças é crucial para tomar decisões alinhadas ao seu perfil.
Neste artigo, vamos explorar em profundidade o que são esses dois tipos de FIAGROs, como funcionam, suas vantagens e riscos, e como eles podem se encaixar na sua estratégia de longo prazo.
O que são FIAGROs?
FIAGRO é a sigla para Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas do Agronegócio. Assim como os Fundos Imobiliários (FIIs), os FIAGROs permitem que o investidor compre cotas e receba rendimentos mensais isentos de imposto de renda, desde que respeitados certos critérios legais.
Os FIAGROs podem investir em diferentes tipos de ativos ligados ao setor agropecuário, como títulos de crédito, imóveis rurais, ações de empresas do setor, entre outros. No entanto, a maior parte dos fundos hoje se divide em duas categorias predominantes: os FIAGROs de papel, que investem em ativos financeiros, e os FIAGROs de terra, que investem em propriedades rurais.
FIAGRO de Papel: Renda com Base em Títulos
O FIAGRO de papel funciona de maneira semelhante aos FIIs de papel. Ele investe principalmente em CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio), debêntures e outros ativos de crédito relacionados ao setor.
Uma das principais vantagens desse tipo de fundo é a renda previsível. Como os títulos são geralmente indexados ao CDI ou à inflação, os rendimentos tendem a acompanhar os juros ou o IPCA, proporcionando estabilidade ao cotista. Isso faz com que os FIAGROs de papel sejam bastante procurados por quem deseja renda mensal.
Entretanto, como todo investimento em crédito privado, há riscos. O principal deles é o risco de inadimplência dos devedores, que pode afetar diretamente o retorno do fundo. Além disso, esse tipo de fundo é sensível ao cenário macroeconômico, especialmente às taxas de juros.
FIAGRO de Terra: Investimento Direto em Propriedades Rurais
Já o FIAGRO de terra investe em imóveis rurais produtivos. Esses fundos compram fazendas, terras agrícolas e pastagens, gerando receita por meio do arrendamento das propriedades ou da exploração agropecuária direta.
Essa modalidade oferece um potencial de valorização patrimonial considerável. Afinal, terras agrícolas no Brasil tendem a se valorizar no longo prazo, especialmente em regiões estratégicas com infraestrutura consolidada. Além disso, o fundo pode aumentar sua receita ao renegociar contratos de arrendamento ou ao revalorizar suas propriedades.
Por outro lado, os riscos também são relevantes. O principal é o risco climático, pois a produção agropecuária depende do clima. Além disso, há riscos regulatórios, como mudanças na legislação fundiária, e riscos de liquidez, já que terras não são ativos facilmente vendidos.
Tabela Comparativa: FIAGRO de Papel vs FIAGRO de Terra
| Característica | FIAGRO de Papel | FIAGRO de Terra |
|---|---|---|
| Tipo de Ativo | Títulos de crédito (CRAs, debêntures) | Imóveis rurais e fazendas |
| Fonte de Receita | Juros e indexadores | Aluguel rural e valorização do imóvel |
| Renda Mensal | Mais previsível e estável | Pode variar, conforme contratos |
| Risco Principal | Crédito e juros | Clima, liquidez e mercado de terras |
| Volatilidade | Moderada | Maior, devido à oscilação de valor |
| Liquidez | Boa (mercado secundário) | Mais baixa (imóveis são menos líquidos) |
| Perfil do Investidor | Moderado a conservador | Moderado a arrojado |
| Potencial de Valorização | Limitado aos juros contratados | Alto, com ganho no valor das terras |
Qual é o Melhor para o Seu Perfil?
A resposta depende, em grande parte, do seu perfil de investidor. Se você prefere renda previsível, com menor exposição ao risco e volatilidade, o FIAGRO de papel pode ser mais indicado. Ele se assemelha bastante aos fundos de papel no mercado imobiliário, com a vantagem de estar atrelado a um setor que cresce consistentemente.
Por outro lado, se você busca valorização patrimonial no longo prazo e está disposto a aceitar maior risco e volatilidade, os FIAGROs de terra oferecem oportunidades mais agressivas. Isso é especialmente interessante para quem acredita no potencial de valorização das terras agrícolas brasileiras nos próximos anos.
Além disso, muitos investidores optam por combinar os dois tipos de FIAGROs na carteira, equilibrando o fluxo de renda com o potencial de valorização. Essa estratégia, inclusive, tem ganhado força entre gestores profissionais que enxergam valor na diversificação dentro do próprio setor agropecuário.
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Vantagens dos FIAGROs
A seguir, destacamos os principais benefícios de investir em FIAGROs:
Exposição ao agronegócio brasileiro, um dos setores mais fortes da economia nacional;
Renda passiva mensal isenta de imposto de renda, se os critérios forem cumpridos;
Diversificação de carteira, com ativos descorrelacionados da bolsa tradicional;
Possibilidade de valorização patrimonial nos fundos de terra;
Acesso a ativos que antes só estavam disponíveis a grandes investidores.
Riscos e Cuidados Necessários
Apesar das vantagens, é essencial ter cautela. Os FIAGROs são ainda relativamente novos e, por isso, o mercado ainda está amadurecendo. Antes de investir, verifique:
A qualidade da gestão do fundo;
A diversificação da carteira de ativos;
A concentração de risco em tomadores ou propriedades específicas;
A relação entre o valor de mercado e o valor patrimonial das cotas;
O histórico de distribuição de rendimentos, quando disponível.
Além disso, fique atento às mudanças na regulamentação. Desde março de 2025, os FIAGROs passaram a ser reconhecidos oficialmente como categoria própria pela Anbima, o que pode trazer avanços importantes em transparência e governança.
O que dizem os especialistas?
Segundo diversos analistas do mercado financeiro, os FIAGROs devem crescer de forma acelerada nos próximos anos. O motivo é simples: o agronegócio representa mais de 25% do PIB brasileiro, e cada vez mais investidores desejam participar dessa fatia robusta da economia.
Como destaca Gabriel Diniz Junqueira, da Santa Fé Investimentos:
“Retornos maiores normalmente exigem que o investidor assuma riscos maiores. É preciso ir além do dividendo mensal e entender o que há por trás da carteira.”
Essa mentalidade é essencial para quem quer investir com consciência e consistência no longo prazo.
Conclusão
FIAGRO de papel ou de terra? A resposta ideal pode não ser uma escolha exclusiva, mas sim uma composição estratégica entre os dois. Ambos oferecem vantagens claras, mas também riscos que precisam ser compreendidos.
O mais importante é analisar com atenção o seu perfil de investidor, seus objetivos financeiros e o prazo de investimento desejado. Afinal, investir não é uma decisão baseada em modismo, mas em planejamento.
Em um cenário de juros ainda elevados e com o agronegócio em franca expansão, os FIAGROs se consolidam como uma excelente alternativa para quem busca renda passiva, diversificação e valorização de longo prazo.
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